GUIA DE HARMONIZAÇÃO: CHARUTOS E VINHOS

GUIA DE HARMONIZAÇÃO: CHARUTOS E VINHOS

Guia de Harmonização: Charutos e Vinhos

Vinhos e queijos, destilados e charutos, certo? Combinações lendárias, com certeza, mas que tal arriscar em uma harmonização intrigante que pode esconder resultados incríveis? Vamos falar sobre a delicada arte de unir estes dois elementos ricos e complexos.

 

            Apesar de muito diferentes, charutos e vinhos compartilham algumas características instigantes. Ambos possuem uma certa magia em seu ritual de consumo. Origem, história, colheita e guarda, complexidade de aromas e sabores… Sua elaboração é uma arte, e sua degustação um prazer luxuoso.

            Vinhos e charutos podem não ser parte das mesmas fotografias com tanta frequência, pelo menos quando o assunto é harmonização. São dois prazeres tão intensos e cheios de complexidade que sua combinação pode parecer complicada demais. Sinceramente, esta harmonização não é um passeio no parque, mas o conhecimento das características de cada um dos envolvidos e algumas dicas simples podem transformar e elevar os sabores e aromas dessa experiência.  

 

Um Pouco Sobre Charutos

 

            As origens do charuto e do uso do tabaco para este fim são incertas. Alguns achados históricos da civilização Maia mostram ilustrações de pessoas fumando folhas de tabaco atadas com fios. Mesmo que o uso e cultivo do tabaco fosse comum aos povos caribenhos, era desconhecido da sociedade Europeia até o século 15, como registrou o frei Bartolomeu de Las Casas, conforme relatos dos homens de Cristóvão Colombo nas incursões em Cuba, em tradução livre;

 

“(…) Homens com tocos parcialmente queimado em suas mãos e certas ervas para extrair sua fumaça, que são ervas secas colocadas em uma certa folha, também seca (…) e tendo aceso uma ponta deste, da outra eles sugam, absorvem ou recebem sua fumaça pela respiração, pela qual eles ficam entorpecidos, quase embriagados e é dito que assim não sentem cansaço algum.”

 

            Pelas explorações da América, o tabaco conquistou a Europa, ganhando até status de “Erva Sagrada” pelos Espanhóis. Durante os séculos seguintes, o tabaco se espalharia pelo mundo, mesmo que as ilhas caribenhas sigam sendo o centro de interesse e origem dos mais ricos e elevados charutos do mundo.

            Atualmente, as folhas de tabaco são colhidas e envelhecidas através de um processo de secagem ou cura que combina calor e sombra para reduzir os níveis de açúcar e água livre evitando que as folhas apodreçam. Este processo leva entre 30 à 45 dias dependendo do tipo do tabaco e a cor desejada. Em seguida, uma lenta fermentação tem lugar para intensificar aromas e sabores antes da montagem. Mesmo com tecnologia disponível, bons charutos são feitos à mão, por tabaqueiros experientes, capazes de preparar uniformemente centenas de charutos de alta qualidade por dia.

           

Principais Tipos de Charutos
 

            Antes de falar sobre os tipos de charutos é importante entender sua construção e como isso afeta as características finais do produto. O charuto é composto por três partes fundamentais;

 

Capa: Também conhecida como Wrapper, é a parte mais cara e importante do charuto. A capa define muito do sabor e aroma do charuto. As folhas utilizadas para capa são especialmente cultivadas à sombra e secas separadamente. A cor desta folha define o tipo de charuto, que varia do mais claro, levemente esverdeado (Double Claro) até o enegrecido (Double Maduro);

 

Capote: Logo abaixo da Capa está o capote ou binder. Esta camada é composta por folhas que ficam na parte superior da planta, expostas ao sol, escolhidas pela sua elasticidade para atar as folhas do miolo do charuto;

 

Filler: O filler é o cerno ou miolo do charuto, são folhas de tabaco prensadas à mão, permitindo a passagem de ar ao serem atados com o capote. As variedades de tabaco escolhidos para mistura, assim como o tempo de cura serão determinantes para as características finais do produto.

 

Como Harmonizar Charutos e Vinhos

 

            Assim como os vinhos, charutos são objeto de degustação e debate por suas características sensoriais únicas e complexas. A degustação do charuto desvenda os impactos das variedades utilizadas e dos processos de elaboração do mesmo. Por estas características os carutos são divididos em três categorias básicas: Suave, Médio e Forte.

            De maneira geral, mesmo que o espectro seja muito vasto, podemos encontrar combinações muito interessantes para cada uma das classificações:

 

Charuto Suave e Chardonnay Amadurecido: Os aromas delicados porém intensos de um Chardonnay amadurecido em carvalho são par ideal para um charuto suave, como os doces Dominicanos, o frescor do vinho branco oferece vivacidade sem que nenhum dos elementos fique muito acimo do outro.

Dica: Segredos da Adega Chardonnay e Charuto Ashton 8-9-8 ou Oliva Connecticut Reserve Churchill

 

Charuto Médio e Vinho Rosé: Naturalmente, o vinho rosé apresenta características de vinhos tintos e brancos. Além dos aromas distintos, intensos de frutas vermelhas, possui estrutura e boa acidez. É um vinho muito versátil para charutos, porém a combinação com um exemplar de corpo médio pode engrandecer o vinho, ao passo que o charuto pode suavizar a acidez denotando cremosidade da bebida.

Dica: Vintage Blush Rosé Gamay e Malbec e Charuto Cohiba Siglo II ou Villiger do Brasil Claro

 

Charuto Médio-Forte ou Forte e Vinho Tinto: A principal característica sensorial dos vinhos tintos é sua estrutura, conferida pelos taninos, deixando a sensação de leve adstringência no paladar. Este detalhe torna os charutos de cura longa com sabor amendoado e couro perfeitos para equilibrar. Tintos com sabor intenso e amadurecimento em barricas combinam com charutos de mesma intensidade. Vinhos tintos com perfil mais frutado pedem charutos de média intensidade.

Dica: Quinta da Orada Corte V e La Mission L'Atelier 1959 ou Ashton Virgin Sun Grown Sorcerer

 

Dica: Segredos da Adega Pinot Noir e Montecristo White Especial No. 1 ou Rocky Patel Number 6.

 

            Entre goles e baforadas, ganha sempre o momento. Companheiros em uma roda de amigos ou um fim de tarde de contemplação, símbolos de poder e prazer, dificilmente acompanham rostos sem sorrisos. Teste algumas das dicas e lembre dos detalhes para arriscar suas próprias combinações, colocando à prova seus rótulos e marcas favoritas.

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